segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Homem incrédulo

As lições contidas nos evangelhos
Não ecoam no coração de um incrédulo
Seu nome não está escrito no livro da vida.

Todas as afirmações do clero
A palavra dos salmos escrita em versos
Não conseguem apagar sua profunda ferida.

Sua vida é um profundo sacrilégio
Não encontrou o ensinamento secreto
Terá o mesmo destino dos suicidas.

O inferno é um fato concreto
Do paraíso não terá o privilégio
Não consegue aproveitar essa gostosa brisa.

Porém procura o significado da existência
Em atos carnais e cheios de demências
Busca o prazer no sexo e na embriaguês.

Perdeu totalmente sua essência
Agora somente lamenta
Do diabo já virou freguês.

Envolto em uma estrada lamacenta
Visualiza toda sua ementa
De um triste humano burguês.

Su'alma num instante fermenta
Quer cumprir suas exigências
Seu coração tem uma certa rigidez

Desilução do ser



As canções de escánio e mal dizer
Proclamada pelas tropas de cavalaria
O Dom Quixote desiludido
Os moinhos de vento
Prefiro um poema romântico
Onde a tuberculose reinava
E os poetas morriam cedo
Na estrada da vida
Só resta sonhar e esquecer.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Amor platônico

Tenho por ti um amor platônico
Sonho com nosso primeiro encontro
Em um jantar a luz de velas.

Queria escrever um poema dinâmico
Com um olhar até meio cômico
Trazendo toda sua pureza singela.

Sentado nesse velho banco
Meu pensamento permanece em branco
Que precisa ser pintado numa obra de aquarela.

Esperando ansiosamente pelo meu abono
Para te trazer flores molhadas pelo meu pranto
E depois fazer uma incrível serenata bela.

Tu és toda a razão do meu viver
Ao teu lado quero para sempre permanecer
Gozar o amor sincero e puro.

Tudo isto é imaginação do meu ser
Que desejo vil de morrer!
Sempre acabo em cima do muro.

Quantas vezes tentei te entreter
No teu seio queria padecer
Deus do céu, como isto é duro.

Desejo para sempre te ver
Ao teu lado me sinto rejuvenescer
Tu és a minha paixão e o meu tudo!

Tudo isto é por ti



O cheiro suave de um incenso
A imagem de uma flor de lótus
O verso lírico de meu poema
Tudo isto é por ti
Por te amar loucamente
Por te desejar intensamente
Ó brisa da manhã
Canto de um pássaro
Meu coração sente um afã
De juntar todos os pedaços.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

O andarilho



O céu limpido na altura dos olhos
O horizonte suave à minha frente
O espírito aventureiro desbravando cada polo
Sem medo de chacais, lobos e serpentes.

Mochila nas costas, o andarilho errante
Sabe o que o espera no final do arco-iris
Pedra sob pedra, o caminhar é constante
A visão de um gnomo fica impregnado na minha iris.

Cogumelos alucinógenos fazem minha mente viajar
Visualizo fadas celestiais que são engolidas por um dragão
O céu é cor-de-rosa e faz meu peito suspirar
Sinto-me como se eu fosse um vulcão em erupção.

Conhecendo várias pessoas diferentes
Alegro-me com a familiaridade com que sou tratado
Depois de conhecer tanta gente
Por quilômetros e quilômetros rodados.

Meu artesanato é totalmente especial
Todos juntam-se para ver a feira
Sou um alien do espaço sideral
A estrada longínqua é a minha esteira.

Vivo ao relento sem medo da felicidade
Sou livre como um pássaro fora da gaiola
Um xamã invocando uma bendita entidade
Meu tesouro são minhas enigmáticas argolas.

domingo, 21 de fevereiro de 2016

Essa misteriosa existência



Neste corredor escuro
Eu me encontro sozinho
Lembrando das  histórias da minha velha avó
Encontro-me refletindo
Sobre as várias faces da vida
O yin yang permanece estável
O sorriso doce daquela menina
Deixa-me anestesiado
A respiração ofegante
O coração acelerado
Nessa estarrecida existência
Posso dizer que me encontro em paz
Esse momento que contemplo hoje
Não voltará no tempo jamais.

sábado, 20 de fevereiro de 2016

O cocainômano

O cocainômano perdido
O desamparado menino
Em busca de uma euforia.

Neste árduo caminho
Cheio de treva e espinhos
Contempla sua vida depressiva

Não tem mais amigos
A paranóia o levou ao abismo
Sua sede de viver está totalmente destruida

Na fissura toca-se o sino
Não encontrastes na droga o sagrado pergaminho
Todas as suas forças estão perdidas.

Na depressão o suicídio fazes presente
O humano atrás do vício não está contente
Só deseja que tudo isso acabe.

No passado plantaste a semente
Da auto-destruição da sua mente
Além da cocaína, não encontra nada que o agrade.

Apesar disso ele também é gente
Sente medo de se tornar um demente
Seu estado é crítico e grave.

Essa melancolia há muito tempo existente
Pemanece em seu corpo jacente
Ainda tem a esperança de sair desse entrave.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

Mórbido dos mórbidos

Observo atentamente aquela caveira
Está assentada perto da taça de vinho
Nesta sala com uma atmosfera negra
Uma vela acesa para acalmar os espíritos.

O Anjo Caído sorri complacente
Senhor dono dos prazeres carnais
Sou apenas um mísero ser vivente
Deliciando-me com inúmeros bacanais.

Leio atentamente um volume de Baudelaire
Minha amada morreu do coração depois d'uma orgia
A poesia mostra-se maravilhosa como uma peça de balé
É uma inspiração perfeita para praticar-se necrofilia.

Uma visita ao cemitério para encontrar a paz
Caminho cabisbaixo entre os túmulos
Deito sobre um e meu espírito jaz
Na silenciosa calma d'um defunto.

Devoro os despojos de minha dama
Somos agora uma só carne, um só ser
Esse meu apetite por carne humana
Faz qualquer mortal de nojo padecer.

Saboreio deliciosamente o seu doce sangue
Numa taça de ouro com o símbolo do mal
Caro leitor, por favor não estranhe
Sou apenas movido por um desejo carnal.

Fumo o ópio inebriagante e fico sonolento
Leio Noites na Taverna para acompanhar
 Álvares que tinha um enorme talento
Para embriagado poder-se apreciar.

Olho ainda alterado para a lua
A alma dos poetas mórbidos
Minh'alma fica leve e nua
Acaba-se o sentimento sórdido.

Conjuro Lúcifer na magia Goécia
Este vem com seus cavaleiros negros
Seria melhor ter orado para Dionísio da Grécia,
Porém eu só queria provar que sou um bom feiticeiro.

A magia não dá certo por pouco
Lúcifer zanga-se ferozmente comigo
Dia após dia acabo ficando louco
Padecendo na miséria sem nenhum abrigo.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

Transformação do ser



O som de uma flauta suave
Faz todo problema grave
Ficar insignificante.

Não importa se tomei um "baque"
Deste mundo cheio de falsidade
Meu coração permanesce distante.

Invoco uma magnífica entidade
Para que o meu coração covarde
A bendita luz não estranhe.

Estou na flor da idade
Minh'alma não conhece maldade
Que a benção dos deuses meu peito proclame.

Relaxo na paz do meu espírito,
Pois já fui um homem maldito
Tirei o sorriso da boca da criança.

Que o julgamento dos cinco sentidos
Seja correto, nobre e pacífico
E que meu espírito só veja a esperança.

Que todos os sentimentos magníficos
Tirem a dor d'um antigo martírio
Agora é hora da grande bonança.

Divindades, não castiguem os homens ímpios,
Pois eles não veem a face do divino
Não conseguem enchergar a paz da bem-aventurança.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

A leveza da vida

A leveza d'um canto de canário
As cachoerias caindo em águas vivas
A beleza sagrada do santo sudário
O céu colorido cheio de pipas.

Como está leve o meu espírito!
Clama desesperado por calor humano
Somente quem já esteve à beira do precipício
Pode se alegrar com fatos mundanos.

Ou será que isto é o que se diz espiritual?
Quanta glória esse mundo me proporcionou
Digo com toda certeza! É o do espírito e não carnal
Essas pequenas alegrias que meu coração gozou.

A donzela que amo sorri complacente
Belo sorriso por assim dizer...
Mostra-me com ternura os mais lindos dentes
Ao seu lado eternamente eu quero viver!

Meu afã pela vida mostra-se imenso
Um anjo celeste não poderia ser mais belo
Mesmo quando passo por um momento tenso
Continuo brincando com as palavras, criando versos.

Sou grato pelas sombras das árvores
Onde fico apenas à brincar com as crianças
De poder dizer que estou livre, fora das grades
Transbordando de amor, compaixão e esperança.

Invoco e louvo com felicidade os deuses da paz!
Regosijo-me com a alegria dos meus semelhantes
Agora sei que serei mais do que capaz
De colocar no passado os votos de poeta errante.

Somente para fechar o meu raciocínio
Quero deixar claro que não sou nenhum santo
Somente tenho um pequeno coração de menino
Que hoje encherga a luz, onde outrora só havia pranto.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

Mísero coração



Nas noites mais frias
Nos dias mais cinzentos
Nem sequer uma orgia
Pode melhorar os meus sentimentos.

O amor não correspondido
A donzela que não me quer
Um coração apodrecido
Sem ardume de mulher.

Talvez o jeito seja tomar um "pico",
Ou embebedar-me na taverna
Acho que nem para isso
O meu coração sequer presta.

Invocar Satã triunfal!
Para praticar magia negra
Nada é mais natural
Do que no desespero invocar a besta!

Donzela, olhe para o meu pranto!
Na natureza fria do meu semblante
Quero por vossa senhoria entoar-lhe cânticos
De um mísero poeta errante.

A minha mente aponta para o poente
O pôr-do-sol mostra-se mágico
Minh'alma agora está doente
E o seu sorriso mostra-se fantástico!

Lobos uivam na floresta
A terra encharca-se com a chuva
Procuro paranóico por uma fresta
Onde posso admirar a beleza sua.

Suicidar-me? Não tenho coragem
Quero apenas contemplar sua formosura
Imagino-me num longa metragem
Onde delicio-me com a sua presença nua.

Árvores dos bosques
Sejam minha testemunha
Do meu coração nobre
Buscando do amor, apenas uma fagulha.

Amor



Amor, amor, o que é o amor?
Senão sofrimento, auto-flagelo e dor...
E ainda dizem que é um sentimento nobre.

Por que insistem em perguntar sobre o meu furor?
Juro que estou muito bem resolvido, vivo nas glórias do Senhor
Não existe um outro "coração" para quem  nasce pobre.

Pobre de espírito é claro, eu digo sem temor
No meu peito só existe um grande amargor
São coisas da vida que a gente não escolhe.

Agora me diz a diferença de um romance para um filme de terror?
A donzela toda produzida está sem nenhum sensor
Não viu a minha face, o desprezo agora é só o que se colhe.

Quebrei todos os espelhos da minha casa
Espero sinceramente que o paradeiro de minha morada
Seje visível apenas por um pobre polaco.

Este sentimento só me gerou desgraças
Pior que um viciado fumando crack na lata,
Ou um condenado ao inferno sendo torturado pelo Diabo.

Garçom, por favor, mais uma dose de cachaça!
Para suprir o espírito fadigado antes que o cigarro vire fumaça
Ó coração! Tu éres apenas um pobre coitado.

Mais essa agora! Meninos desgraçados quebraram a vidraça
Minha mãe dizendo: "antes de casar passa!"
Coloco o revólver sobre a boca e disparo entre este intervalo.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

Um novo poeta

Meu coração encontra-se em prantos intermináveis
Não sou nenhum poeta, sou um despresível palhaço
A dor tomou um caminho árduo e insuperável
Parem de rir do meu interminável fracasso!

Jesus tomou minhas dores na cruz do calvário
Estou liberto de todo o pecado perante Deus
Essa melâncolia preenche todo um coração de otário
Grande é o drama de todos os erros meus.

Mas a luz de Cristo sorri lá no fundo de minh'alma
De repente a esperança e o amor brotam em meu peito
Estarei firme e forte para toda e qualquer batalha
Bem longe de ser um político corrupto pelo povo eleito.

O caminho ao nirvana está dentro da minha mente
Não sou discipulo de Dionísio, o deus mundano
Buddha plantou uma germinável e indestrutível semente
De um homem compassivo que não estava em meus planos.

Desbravarei todo o reino em busca da donzela amada
Em meio a raios e trovões, enfrentarei a tempestade
Meu coração não está mais escravizado na senzala
Provarei para os deuses que eu não sou mais um covarde.

Morrer de amor, gozo e paixão nas mãos da minha dama
Tu eres a razão do meu viver e morreria por ti!
Estaremos nus amando-nos nesta velha cama
Fico tão desconcertado quando você sorri.

O horizonte e os pássaros meu coração contempla
Não sou mais um homem pecaminoso
Nem o Diabo agora me aguenta!
Morri nas águas do batismo e nasci de novo.