sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

Ó Deus, quero morrer!

Uma angustia crescente
Que não quer desaparecer.
Ó Deus, quero morrer!

Tanta dor nesse ser vivente
Que não presta para viver.
Ó Deus, quero morrer!

Tanta confusão em minha mente
Que prefiro me dissolver.
Ó Deus, quero morrer!

O que há com meu inconsciente
Que sempre ousa me desobedecer?
Ó Deus, quero morrer!

Apenas um incompetente
Envergonho sempre o meu ser.
Ó Deus, quero morrer!

Talvez apenas um sobrevivente
Sem a ansia de vencer.
Ó Deus, quero morrer!

Talvez eu seja um ser demente
Predestinado à sofrer.
Ó Deus, preciso morrer!

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

Última noite de amor

         Ele estava sozinho em um quarto escuro, iluminado apenas por uma pequena vela branca. Estava bebendo vinho em copos feitos de crânio humano.
        A decoração do quarto não poderia ser diferente. Havia morcegos empalhados no teto, um pentagrama envolto num círculo no centro e algumas flores e crucifixos roubados de algum cemitério, entretanto a coisa mais chamativa do quarto, era um caixão com o corpo de sua amada já em decomposição.
      Este a amava demais para deixá-la; sua pele pálida, seu corpo enrijecido e sua carne já começando a ser devorada por vermes, só aumentava o seu amor por ela. Este começou à beijá-la lentamente, em um amor eterno e real. Acariciou seus seios enrijecidos e em seguida, lambeu sua vagina já apodrecida. Deitou-se sobre ela , passou lubrificante nos genitais da bela donzela e à penetrou.
     O homem fez amor com sua amante, de uma forma que nunca havia feito em sua vida. O êxtase da situação, levou-o ao orgasmo do júbilo da morte! Pegou um copo de vinho com veneno, e deitou-se com a moça, pronunciando suas últimas palavras:
      ___ Cá estou eu, pobre mancebo que perdeu sua amada de forma trágica e repentina. Não pude enterrá-la, pois era bela demais para isto. Daqui à pouco estarei contigo, querida Dulcinéia, para juntos entrarmos na eternidade do amor puro e perfeito! Entrego a minha vida à ti, para juntos nos deliciarmos no pós-morte.
      Este bebeu o cálice de vinho envenenado  e abraçou sua amada num gesto de ternura e carinho. Queria passar os poucos minutos restantes ao seu lado. Fechou os olhos e deslumbrou um pequeno momento de paz e harmonia. Imaginou-se com Dulcinéia em uma terra pura, próxima à uma cachoeira exuberante, onde os pássaros cantavam harmoniosamente uma sinfonia dedicada a eles, do topo de suas árvores. Eles faziam piquenique no bosque e estavam sorrindo um para o outro.
      O efeito do veneno começara a fazer efeito. O suicida foi tomado por um estranho e intenso mal-estar, porém lembrou-se do paraíso que imaginara anteriormente, deu um grande sorriso, enquanto debruçava-se sobre sua amada. 

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

O mal em mim

Coração, coração
Por que insistes em doer?
Carregas tanta aflição
Que desejas até morrer.

Alma carregada, sofrida
Que dilacera minha mente
Abre uma eterna ferida,
Não cicatrizada completamente.

Lembranças ruins surgem no inconsciente.
Como dói essa maldita,
Memória que arde incansavelmente
Ao longo da minha vida.

Satã triunfa mais uma vez.
Com profundo desgosto confesso,
Que até virei freguês
E já ando totalmente possesso.

É o mal entrando em meu peito
Amaldiçoa minha carne
Fazes-me de eleito
Para propagar sua maldade.

Seres celestiais, atendam-me!
Livrem-me de todo mal
Mostrem-me que posso ser diferente,
Nessa eterna luta mortal.

Hábitos destrutivos

Dor adormecida
Sempre voltas à minha vida
Na forma de desgraça.

Queres deixar-me na miséria,
Obscurecer minh'alma etérea
Com um gole de cachaça.

Oh, Deus, livrai-me dessas brechas.
Que eu possa recolher-me à luz da capela,
Para admirar Maria cheia de graça.

Que a paz reine sobre mim.
Seguindo em frente até o fim
Para que haja paz em minha morada!