sábado, 20 de dezembro de 2014

Ansiedade

Medo do medo
O pior defeito
Do ser-humano.

Crise ansiosa
A grande derrota
Do meu cotidiano.

Fobia social
Para mim já é normal
Quando em público estou falando.

Monossilábico pausado,
O que será que está errado
Em meu comportamento estranho?

Não sou como Macário
Quando vejo o Diabo,
Contorço-me de pânico.

sábado, 13 de dezembro de 2014

A missa negra

O relógio bate, é doze horas.
A procissão acontece lá fora
É um grande evento, a missa negra
Onde eles fazem orgias e adoram uma caveira.

Máscaras no rosto, ninguém os vê
Do sacrifício do bode iremos comer
Lavar nossos corpos com seu sangue
Será uma orgia maior que as de Alexandre, o Grande.

Por que olha-me assim, garota satânica?
Tire suas roupas e suba na cama!
Um vai e vem interminável  faz seu corpo estremecer
Para a glória de Satã, a noite inteira vamos gemer!

Lá vai o mestre com sua fumaça
Que n'um ritual grotesco, minh'alma lava
Mais uma missa terminando, não é Satã?
Tudo bem, já estou de saída, porém volto amanhã!

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Donzela que dormes

Donzela que dormes
Não banha-se, não come
Vive a vida à suspirar.

Diz que o que corrói-lhe
É um sentimento de morte
Difícil de explicar.

Donzela que dormes
Espero que retornes
De prazeres na vida gozar.

Em um gesto nobre
Beijo-lhe a fronte
Recebo da graça, o ar.

Donzela que dormes
Espero que não deplores
N'uma cama à agonizar.

Para que esse revólver?
Não ponha-o sobre a fronte
Que outrora eu fui beijar!

Donzela que morres,
Provarei que sou forte
Até no inferno irei te amar!

Amor ideal

Gostaria de um lugar 
Onde pudesse ficar
Mais belo que as estrelas,
Mais calmo que o mar.

Árvores dando frutos.
Ninguém com o olhar de luto
Sem tentar zumbificar
O estranho ócio d'um defunto.

Sentir-me vivo e triunfante
Sem efeito de calmantes
Talvez perder-me no olhar
D'uma dama exuberante.

Só junto à ti, nobre donzela
Sentar-me-ei junto à passarela
Contemplarei as folhas caindo,
Perto de sua face tão bela.

Face perfeita, angelical
Trazendo à tona uma beleza jovial
Fitando-a longamente, juro-lhe
Que de amor chego até a passar mal.

És mais perfeita do que a morte
Glorificarei todos os dias minha sorte
De ter ao lado uma mulher,
Que faz meu coração bater mais forte.

Sujeito ruim

Mesmo que estejas enfermo
Vagando pelo deserto
Sujeito ruim, 
Queime no inferno!

Mesmo que sejas patológico
N'um diagnóstico moderno
Sujeito ruim,
Queime no inferno!

Mesmo que seja natural,
Porém contradiz o evangelho
Sujeito ruim,
Queime no inferno!

Mesmo que tenhas os mesmos defeitos
Daqueles qu'estão no clero
Sujeito ruim,
Queime no inferno!

Mesmo que estejas sofrendo,
Ao ponto d'ir pro necrotério
Sujeito ruim,
Queime no inferno!

Mesmo que estejas de cama,
Passando por coma perpétuo
Sujeito ruim,
Queime no inferno!

Mesmo que estejas delirando,
Tendo um comportamento controverso
Sujeito ruim,
Queime no inferno!

Mesmo que estejas cansado,
Ao ponto de "dormir" no cemitério
Sujeito ruim,
Queime no inferno!

Mesmo que sejas um bom cidadão,
Porém um homem incrédulo
Sujeito ruim,
Queime no inferno!

Tu terás que ser um santo 
Para fugir do critério
D'um sujeito ruim,
Que arderá no inferno!



Vida Ilusória

O que há de errado comigo?
Vivendo no extremo
Correndo perigo.

Será que estou iludido?
Sob à sombra d'um espectro
Vivo ressentido.

Por que culpar o destino,
Se eu mesmo que afundei-me
Numa fossa sorrindo?

Aquieta-se filho.
Tu não tens tanta culpa,
Dos teu erros cometidos.

Apegar-me-ei ao divino.
Para aprender ser mais amplo,
Amoroso, compassivo.

Levanta essa cabeça menino!
Há uma vida brilhante,
Que ainda não tens reconhecido.

Uma infância comum

Infância nostálgica
Menino peralta
Felicidade contagiante
Ao som d'uma gargalhada.

Quito e sozinho
Desde mui pequenino
Criando um universo fantástico
Com a imaginação me divertindo.

O video-game, jogando
De pular corda, brincando
Nasci na melhor época
Tradição e tecnologia se mesclando.

Nostalgia pura
Meu coração continua
A contemplar uma fase
Que mantinha minh'alma segura. 

Substituição de sentimentos

A paz que já não existia aconteceu.
Minha sanidade foi devolvida
Meu lado obscuro enfraqueceu.

O medo foi substituído por esperança.
O desconhecido já não assusta tanto
Creio na felicidade, na grande bonança.

A ansiedade foi substituída por mansidão.
Uma certa fé na vida
Que aquieta o meu coração.

A raiva foi dissolvida no amor.
Compaixão por todos os seres
Que procuro seguir com fervor.

Seguindo em frente passo à passo
No labirinto mundano
Tentando encontrar meu espaço.

Recomeço

Não é fácil a vida.
Existem várias frustrações
Que abrem muitas feridas.

Preciso rever meus conceitos
Aprender com o passado
Corrigir os defeitos.

Alma errante
Maldita, inconstante
Aprisionada no calabouço
D'um inconsciente delirante.

Não desesperes-se!
Ainda és mancebo
De um basta nesta bola de neve.
És um sobrevivente, um guerreiro!

Recomece com coisas simples
Tenha força de vontade
Não te deprimes.

Deixe toda ansiedade
N'uma dimensão fechada
De sua psique covarde!

Psique doente
Distorcida, errada
Buscou auxílio em substâncias
Que estragaram su'alma.

Recomeço agora
A tirar o atraso.
O enrosco, a demora
Que minh'alma buscou outrora.
  

Reflexão n'um manicômio

O que esperar da vida?
Aparentemente passageira,
Na prática tão comprida.

Será que a minha é maldita?
Cansaço interminável
Tediosa, depressiva.

Talvez haja uma saída.
Ainda há esperança
Só preciso de auto-disciplina.

Esta ainda não está perdida
Esqueça o passado
Lute, prossiga!

Eternaste-se n'uma clínica.
Já destes o primeiro passo
Para à felicidade longínqua.

Já não és mais suicida.
Já não queres mais destruir-te
Com a maldita cocaína.

Garota dos pés nus

Garota dos pés nus
Teu ventre me conduz
Ao gozo da verdade.

Sorriso inocente,
Olhar de criança
A pura deidade!

Garota dos pés nus
És mais santa do que a cruz,
Mais sagrada que a Trindade.

Aqueça-me em seus braços
Fazes-me teu amado
Ascende-me à felicidade!

Garota dos pés nus
Confesso-te que nem Jesus,
Mostra-me maior santidade.

Quero propor um pacto,
Para que nosso amor sagrado
Dure por toda eternidade!

Dama de Branco

Dama de Branco
Chegastes em minha vida aliviando minha dor,
Curando meu pranto.

Dama de Branco
Tuas oscilações de humor assustavam-me
Deixando-me atônito.

Dama de Branco
Ora aparecias como deusa,
Ora como demônio.

Dama de Branco
Transformou em pesadelo
O que era apenas um sonho.

Dama de Branco
Tu queres dar-me um tiro
Com uma bala de estanho.

Dama de Branco,
Chega!
Afastar-me-ei de seu rebanho.